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As Doenças Infecciosas Comuns em Cenários de Enchentes e Saneamento Precário

Recentemente, o Rio Grande do Sul enfrentou uma tragédia de enchentes devastadoras, que causaram danos significativos à infraestrutura, deslocaram milhares de pessoas e comprometeram a qualidade da água e o saneamento na região. Essas condições facilitam a contaminação da água e dos alimentos, aumentando o risco de surtos de doenças que podem ser graves se não identificadas e tratadas adequadamente.

Por Mantecorp Saúde

20/06/2024 - Última atualização: 20/06/2024

Imagem da notícia As Doenças Infecciosas Comuns em Cenários de Enchentes e Saneamento Precário

Recentemente, o Rio Grande do Sul enfrentou uma tragédia de enchentes devastadoras, que causaram danos significativos à infraestrutura, deslocaram milhares de pessoas e comprometeram a qualidade da água e o saneamento na região. Essas condições facilitam a contaminação da água e dos alimentos, aumentando o risco de surtos de doenças que podem ser graves se não identificadas e tratadas adequadamente.1

Muitas dessas doenças causam desidratação significativa, e a reidratação é crucial para a recuperação. Medidas de saneamento, higiene e vacinação são essenciais para prevenir essas infecções, e alguns tratamentos requerem cuidado no uso de antibióticos, sendo reservados apenas para casos confirmados e graves, para evitar resistência bacteriana.2-9

Veja abaixo as principais doenças infecciosas que podem surgir em cenários de enchentes e saneamento precário.

CÓLERA
A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela bactéria Vibrio cholerae, frequentemente assintomática ou oligossintomática. É altamente contagiosa e se espalha rapidamente em condições de saneamento inadequado, pela ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vômitos contendo a bactéria.2,3

Sintomas Comuns: Diarreia, náuseas e vômitos. Pode ainda se apresentar de forma grave, com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e câimbras.2,3 

Tratamento Padrão-ouro: Formas leves e moderadas devem ser controladas com reidratação oral e formas graves, com hidratação venosa e antibióticos (doxiciclina, azitromicina ou eritromicina).2,3

 

DENGUE

Doença infecciosa febril aguda, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Aspectos como a urbanização, o saneamento básico deficitário e os fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor. A dengue possui padrão sazonal, com aumento do número de casos e risco para epidemias, principalmente, nos meses de outubro a maio.2,4


Sintomas Comuns:
A primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39 a 40 °C), de início abrupto, associada a cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias, dor retro-orbitária, com presença ou não de exantema e/ou prurido. Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia podem ser observados por dois a seis dias.2


Tratamento Padrão-ouro:
O tratamento é sintomático (com analgésicos e antipiréticos), sendo indicada hidratação oral ou parenteral, dependendo da caracterização do paciente.2

Chikungunya

A chikungunya é uma doença viral transmitida por mosquitos do gênero Aedes. No Brasil, até o momento, o vetor envolvido na transmissão do vírus chikungunya (CHIKV) é o Aedes aegypti. No ano de 2023, ocorreu importante dispersão territorial do vírus em território nacional.5


Sintomas Comuns:
Febre alta de início súbito, acompanhada de artralgia ou artrite intensa de início agudo, dor muscular intensa, conjuntivite (30% dos casos), dor de cabeça moderada, prurido e erupções cutâneas (50% dos casos).5


Tratamento Padrão-ouro:
Tratamento sintomático com analgesia e suporte, acompanhado de hidratação oral.5

 

Hepatite A

A hepatite A é uma infecção aguda causada pelo vírus A (HAV) da hepatite, também conhecida como “hepatite infecciosa”, e é transmitida por via fecal-oral, geralmente por meio de alimentos ou água contaminados.2,6


Sintomas Comuns:
Os sintomas se assemelham a uma síndrome gripal, porém há elevação das transaminases. Os sintomas podem incluir fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. A presença de urina escura ocorre antes do início da fase em que o paciente pode apresentar icterícia. Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção.2,6


Tratamento Padrão-ouro:
Não existe tratamento específico para a forma aguda. Se necessário, o tratamento é apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como recomendação geral, orienta-se repouso relativo até a normalização das aminotransferases.2

 

Leptospirose
A leptospirose é uma doença infecciosa febril, transmitida a partir da exposição à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre através da pele com lesões, da pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou das mucosas. As apresentações clínicas da leptospirose foram divididas considerando as fases evolutivas da doença: fase precoce (fase leptospirêmica) e fase tardia (fase imune).2,7

Sintomas Comuns: A doença pode variar desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos graves associados a manifestações fulminantes. Na fase precoce, a doença é caracterizada pela instalação abrupta de febre, comumente acompanhada de cefaleia e mialgia (principalmente na panturrilha), anorexia, náuseas e vômitos. Na fase tardia, a manifestação clássica da leptospirose grave é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias, mais comumente pulmonar.2,7


Tratamento Padrão-ouro:
Antibioticoterapia com amoxicilina ou doxiciclina e medidas de suporte. O tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata para evitar complicações e diminuir a letalidade.2,7

 

Febre Tifoide
A febre tifoide é uma doença bacteriana aguda, causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi, transmitida por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes ou urina, ou ainda pelo contato com as mãos do doente ou portador.2,8

 

Sintomas Comuns: Febre alta, cefaleia, mal-estar, anorexia, bradicardia relativa, esplenomegalia, manchas rosadas no tronco, constipação ou diarreia e tosse seca. Pode haver comprometimento do sistema nervoso central.2,8

 

Tratamento Padrão-ouro: Antibioticoterapia e reidratação. O tratamento é preferencialmente ambulatorial, com o uso de cloranfenicol.2,8

 

Giardíase

A giardíase é uma infecção parasitária causada pelo protozoário flagelado intestinal Giardia duodenalis, também conhecido como Giardia lamblia ou Giardia intestinalis, transmitida pela ingestão de cistos do protozoário presentes em água ou alimentos contaminados.2,9


Sintomas Comuns:
A infecção sintomática pode apresentar-se de forma aguda com diarreia, acompanhada de dor abdominal (enterite aguda) ou de natureza crônica, caracterizada por fezes amolecidas com aspecto gorduroso, fadiga, anorexia, flatulência e distensão abdominal. Anorexia, associada com má-absorção, pode ocasionar perda de peso e anemia.2


Tratamento Padrão-ouro:
Manejo da diarreia e, quando a diarreia durar 14 dias ou mais, caso sejam identificados cistos ou trofozoítos nas fezes ou no aspirado intestinal, recomenda-se o tratamento com metronidazol, tinidazol ou secnidazol.2,9

 

Amebíase
A amebíase é uma infecção causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, transmitida pela ingestão de cistos presentes em água ou alimentos contaminados. Esse parasita pode atuar como comensal ou provocar a invasão de tecidos, originando as formas intestinal e extraintestinal da doença.2

Sintomas comuns: O quadro clínico varia de uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas dejeções, até uma diarreia aguda e fulminante, de caráter sanguinolento ou mucoide, acompanhada de febre e calafrios.2


Tratamento Padrão-ouro:
Formas intestinais → secnidazol (primeira opção), metronidazol (segunda opção) ou tinidazol (terceira opção). Teclozam (quarta opção) é usado somente para formas leves ou assintomáticas.2

 

Verminoses

As verminoses são doenças parasitárias causadas por vermes intestinais como Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale e Necator americanus. São transmitidas pela ingestão de ovos infectantes do parasita, presentes no solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas.2


Sintomas comuns:
Habitualmente não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de parasitas, pode ocorrer quadro de obstrução intestinal.2


Tratamento Padrão-ouro:
Anti-helmínticos (ovocida, larvicida e vermicida), como albendazol, mebendazol ou levamizol. Para a obstrução intestinal, recomendam-se piperazina, antiespasmódicos e hidratação.2

 

Diarreias por Escherichia coli

Escherichia coli é uma bactéria comumente encontrada no intestino grosso, que pode causar doenças graves de origem alimentar. As principais fontes são alimentos contaminados, como carne crua ou malcozida, leite cru e contaminação fecal de vegetais.10


Sintomas comuns:
Cólicas abdominais e diarreia, que, em alguns casos, pode progredir para colite hemorrágica. Febre e vômito também podem ocorrer.10


Tratamento Padrão-ouro:
Suporte de sintomas e hidratação. Os antimicrobianos devem ser utilizados apenas na disenteria.2

 

Referências

  1. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria da Saúde. Doenças transmitidas por água e alimentos em épocas de enchentes. Fevereiro de 2023. Disponível em: https://portal.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/2023/ddaemenchentes-final2.pdf. Acesso em: 10 jun. 2024.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias. 8ª edição. Brasília-DF; 2010. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/doencas-diarreicas-agudas/doencas-infecciosas-e-parasitarias_-guia-de-bolso.pdf/view. Acesso em: 10 jun. 2024.
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Cólera. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/colera. Acesso em: 10 jun. 2024.
  4. Brasil. Ministério da Saúde. Dengue. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue. Acesso em: 10 jun. 2024.
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Chikungunya. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/chikungunya. Acesso em: 10 jun. 2024.
  6. Brasil. Ministério da Saúde. Hepatite A. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hepatites-virais/hepatite-a. Acesso em: 10 jun. 2024.
  7. Brasil. Ministério da Saúde. Leptospirose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leptospirose. Acesso em: 10 jun. 2024.
  8. Brasil. Ministério da Saúde. Febre tifoide. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-tifoide. Acesso em: 10 jun. 2024.
  9. Brasil. Ministério da Saúde. Giardíase. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/g/giardiase. Acesso em: 10 jun. 2024.
  10. World Health Organization. E. coli. Key Facts. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/e-coli. Acesso em: 10 jun. 2024.

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